segunda-feira, 19 de abril de 2010

Ensejo de mim mesma.


De todas as chances que tive de ser feliz, deixei passar como um pássaro que é solto da gaiola. Esta é a hora de me prender. Todas as horas que pude ser feliz, reduzi há segundos de indignação.
Como num intenso sonho sinto-me sem sentido. Parece que perdi as cores necessárias para equilibrar as emoções fluentes de cada instante. Temo não conseguir concretizar meus mais elaborados planos que com os dias, vão se tornando vagos e sem sentido pela falta de vontade. Talvez meu desprazer em fornecer minha presença seja um mal que afeta cruelmente quem de mim necessita. As dores e prazeres do cotidiano se tornam motivos de cólera em meio de tanta insegurança.
O que de interessante pode trazer uma jovem cheia de hesitações? Nada. Ela só é capaz de maltratar sentimentos instáveis.
A única segurança sentida é no calor de bons contos, onde pode ser desprendida do próprio ego o mais inusitado desejo de plenitude, é onde se encontra a única alegria e a formula que impulsiona a transmissão desse sentimento de contentamento.
Assim como o mar posso ser igualada e explicada com as palavras de Clarice Lispector me identifico ‘Aí esta ele, o mar, a mais ininteligível das existências não humanas. E aqui está à mulher, de pé na praia, o mais ininteligível dos seres vivos. Como o ser humano fez um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornou-se o mais ininteligível dos seres vivos. Ela e o mar’, dando-lhe continuidade, Lispector define que um encontro realmente intenso entre os dois seria a entrega de seus mistérios. Talvez, a mim essa proeza não seja digna, pois desvendar-me é uma tarefa árdua, da qual nem mesmo eu sou capaz de concluir. Esse deve ser o empecilho da minha real falta de sorte com a felicidade.
Com todo perdão da palavra, sou como o mar... Cheia de mistérios e com perplexidades, profunda o suficiente para causar grandes estragos. Tenho dias de agitação, sofro influencia e existem os momentos de altos e baixos. Mais, também como o mar, sobre mim pode ser refletido o esplendor de um luar que possui a obscuridade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário